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Blogueiro terá que pagar indenização por post de leitor

FORTALEZA – Por causa de um comentário feito por um leitor que se identificou com e-mail falso, o blogueiro cearense Emílio Moreno, 33 anos, foi condenado a pagar R$ 16,6 mil à freira Eulália Maria Wanderley de Lima, diretora do Colégio Santa Cecília, de Fortaleza. O caso levanta a discussão sobre a necessidade de se criar leis específicas para a internet e os limites da liberdade de expressão na rede mundial de computadores. LEIA MAIS…..

OBS: imaginem se este blogger tivesse que pagar essa indenização a um sheik islâmico ou pastor evangélico. Aí a mídia nacional  faria um escândalo enorme… gritaria por livre expressão, se solidarizaria com o blogger etc.(sabemos como essa mídia morre de amores pelos evangélicos e islâmicos). Ah, mas por ser uma “santa” freirinha, aí o caso é diferente…sabemos que a igreja romana está acima do bem e do mal e p(f)ode tudo!!!

Há algum tempo, alguns dos membros e diretores da UNA têm discutido a possibilidade de criar um artigo completo abordando o documentário conspiracionista Zeitgeist. A intenção era que o artigo servisse como alerta aos desavisados.
Sim, desavisados. Isso porquê Zeitgeist não é nenhum suprasumo do ceticismo. Na verdade, Zeitgeist pode ser traduzido como um vídeo apelativo que tenta encobrir mentiras antigas com mentiras mais novas.
Foi, então, com um misto de surpresa e satisfação, que vimos o artigo do amigo José Geraldo Gouvêa (frequentador de algumas comunidades e canais ateístas e membro da UNA), que falava exatamente sobre o assunto e cujo título tomamos emprestado para abrir este post.
Mas já nos estendemos demais aqui. Passamos a palavra para o amigo Geraldo, que com bastante discernimento, ajudou a desconstruir esse documentário repleto de falácias.
Boa leitura.

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Zeitgeist: A Verdade sobre o “Espirito dos Tempos”
José Geraldo Gouvêa

Zeitgeist é sedutor, e muito, para os que têm o ateísmo como opinião preconcebida e gostariam de bases “formais” para debater contra os crentes, “provar” que Jesus Cristo é só um mito entre tantos e triunfalmente pôr-se de pé no pedestal da razão. Por esta sedução, eu diria até desta “adulação”, dos anseios do neo-ateu, consegue manter-se na crista da onda: há quase dois anos não cessa de ser comentado e, quando achamos que caiu no limbo, eis que alguém o “descobre” e lança novamente à baila, como novidade — e novidade ele é para o incauto, o desinformado, o novato da rede, e para os que estão dispostos a aceitar mentiras que estejam de acordo com suas crenças. Mas isto é ateísmo?

Em primeiro lugar eu gostaria de despir de mim este rótulo agressivo e desnecessário. Não acho mais que, por crer em Deus, alguém deva rotular-se de “ateístas”, da mesma forma como alguém que deixou de crer no bicho-papão não precisa se rotular de coisa alguma. Aceitar tal título equivale equivale a autoinflingi-lo. E com ele vem a inversão do ônus da prova, a aceitação do conceito de “Deus” como fato consumado. Eu não creio em Deus, mas ateu é apenas o nome que me é dado por aqueles que creem.
Sou cético, ao menos parcialmente. Tento ser lógico, ao menos na medida em que isto me é útil intelectual, artística e profissionalmente. Mas reconheço que o ceticismo é uma atitude tensa que somente os comedidos podem ter sem o risco do pedantismo. Céticos bem informados costumam filosofar, céticos mal informados se acham filósofos só porque duvidam daquilo que não conseguem vislumbrar. Ceticismo é um método, não uma virtude: o mundo não é do tamanho de nossa ignorância, mas tampouco é do tamanho de nossas esperanças.
É do tamanho de nossas ignorâncias que Zeitgeist se aproveita. Traveste-se de ceticismo, mas traz um sistema de crença, ilógico como os outros. Pode não ser uma religião, mas tem o efeito sedativo da razão que o fanatismo produz. Por isso é ruim. Por isto é deletério. Por isso precisa ser combatido. Ele não traz nenhum bem à causa da razão contra o obscurantismo, porque não há racionalidade em teorias de conspiração, especialmente as que se apoiam em mentiras.

Imagens Violentas

Zeitgeist aparece na tela com uma série de chocantes imagens de guerra, algumas possivelmente montagens feitas por especialistas em efeitos. Depois, vem uma série de imagens de corpos celestes e, por fim, pacíficas imagens da superfície terrestre, seguidas pelo conhecido (e incorreto) desenho animado que mostra a “evolução do homem”, de organismo unicelular a bípede implume que se chama de sapiens. Então uma mão que tenta escrever 1+1=2 é apresentada, meio que à força, a uma Bíblia e uma bandeira dos Estados Unidos.
Estas cenas apelam à razão? Dificilmente. São demasiado panfletárias, didáticas além do necessário. A razão não precisa ser tão rigorosamente tutelada. Fica claro, desde esse princípio, que o filme não é obra de Filosofia ou de História, mas um manifesto político — e do pior tipo. Zeitgeist é um filme persuasivo, no mau sentido. Procura convencer pela emoção, e nisto se assemelha a qualquer filme de propaganda produzido por algum regime totalitário da Europa Central.
Pior ainda, os autores de Zeitgeist parecem saber que imagens violentas atiçam nossos centros cerebrais mais primitivos, amortecem a razão mais refinada. O objetivo esclarecido desta forma, tão emblemática, não pode ser uma reflexão profunda. Mas o que não é profundo, faz-se necessário ressaltar, reforçar e repisar; o que se faz com imagens de crianças e mulheres chorando desamparadas, soldados mortos, cadáveres de meninas, tudo ao som de uma música triste, música para criar o clima \inquote{Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade}.

Súplica especial

Nos fachos de luz sobre os quais se inscreve o título do filme, desenha-se, subliminarmente, repetidas vezes, estrelas de cinco e de seis pontas. Então uma voz começa a declamar, com voz de professor primário, que temos sido enganados por tudo e por todos, de todas as formas, o tempo todo, ao longo de toda a História.
Após decretar a implosão, em uma frase, de toda a cultura ocidental, o filme se propõe a justificar as razões pelas quais despreza tudo, ao mesmo tempo em que implora que você conceda à nova versão dos fatos que lhe é apresenta toda a credulidade que ele quer que você abandone em relação a tudo que jamais lhe foi dito. Alguém já ouviu falar da falácia da súplica especial?
* Você tem sido enganado por todo mundo!
* Por que devo, então, crer que você não está me enganando?
* Porque EU estou abrindo os seus olhos para a verdade.
Se você aceita teorias de conspiração que afagam a sua vontade de não crer no Velho Barreiro, digo, no Velho Barbudo do Céu, nada impede que você igualmente creia em profetas, em reptilianos, em arrebatamento, em urinoterapia, em “viver de luz”, em crianças índigo, na capacidade de Paulo Coelho fazer chover. Se você aceita a súplica especial em um caso, porque está de acordo com seus desejos, nada impede que futuramente você a aceite em relação a outros casos, quando seus desejos mudarem. Você não é um ateu, um cético, um agnóstico, sequer um não-praticante de verdade: é só alguém escolheu para si um rótulo, mas que o trocará por outro quando não servir mais. Isto não é ateísmo, não é ceticismo, não é agnosticismo, é apenas modismo. Algo extremamente característico da cultura “new age”, juntamente com cristais, chakras, xamanismo, viagem astral e terapias de vidas passadas. Bem vindo ao clube dos crentes, amigo que se acha descrente.

Mitomania e Mitologia

Os primeiros 45 minutos de Zeitgeist tentam explicar de forma detalhada que Jesus é um mito e o Cristianismo é uma farsa. Esta tese não é difícil de argumentar, havendo uma volumosa e inquestionável biblioteca de escritos e pesquisas das mais diversas disciplinas humanas que pode ser usada para sustentá-la. Causa-me profunda estranheza, então, que o filme pretenda defendê-la com base justamente em informações falsas, comparações anacrônicas, associações forçadas, explicações que não fazem sentido algum ou que, quando fazem, estão contaminadas na fonte pelo vício dos dados incorretos.
Pode-se chegar a uma conclusão falsa partindo de dados verdadeiros, tanto quanto se pode ter uma conclusão verdadeira a partir dos mais ridículos e absurdos argumentos. Desta forma, a validade dos dados não quer dizer que as conclusões são válidas, e a validade das conclusões não garante a validade das premissas. Por isso é preciso sermos prudentes ao analisar qualquer tipo de argumento, recusando legitimar as premissas só porque a conclusão é correta e recusando legitimar a conclusão só porque as premissas conferem. Esta necessidade é ainda mais evidente quando, por insuficiência de bases ou por influência de nossas crenças, passamos a “buscar” conclusões com que concordemos. E sabemos que mesmo os mais sábios estão sujeitos a tomar por “correto” o que confere com o que pensam. Sem ceticismo e racionalidade, podemos legitimar, a partir de nossas crenças, uma série de premissas risíveis.
Entre os argumentos apresentados está uma incursão pouco referenciada pela astrologia, tentando convencer-nos de que todas as religiões da orla do Mediterrâneo estavam organizadas em termos astronômicos e que sua evolução esteve relacionada às mudanças de era. Jesus Cristo é o arauto da Era de Peixes, que supostamente começa com a Era Cristã (há controvérsias quanto a isso entre os astrólogos) e, ainda por cima, deixa entredito que o cristianismo tinha duração determinada até a Era de Aquário (cujo início varia, de astrólogo para astrólogo, com uma incrível margem de erro de dois mil anos). O cristianismo seria a religião da Era de Peixes tal como o Judaísmo o fora na Era de Áries.

Mas tais explicações ignoram que o símbolo do peixe no cristianismo é um acrônimo para “Jesus Cristo, Filho de Deus e Salvador” em grego, não explicam como a Era de Peixes supostamente duraria 2.400 anos, mas a Era de Áries durara cerca de 1.200 e tampouco considera que a ovelha era símbolo do judaísmo porque tal animal era a base da economia dos antigos israelitas, um povo pastor. Pior ainda, deixa-se estranhamente implícita a crença de que haveria mesmo alguma mensagem oculta sendo transmitida por Jesus, quando ele faz a “profecia” sobre a Era de Aquário! Sim, amigo neo-ateu! O filme que você idolatra, de alguma forma e por alguma razão, não retira de Jesus um caráter sobrenatural! No máximo altera a natureza desta sobrenaturalidade. Com menos esforço do que o necessário para demolir a argumentação furada de Zeitgeist é possível identificar influências gnósticas nesse Jesus profeta da Era de Aquário.
Não é preciso que me estenda muito sobre os erros de Zeitgeist. Aquele que busca verdadeiramente o conhecimento encontrará na rede mundial uma longa lista de sítios que desmascaram com grande eficácia as tolices cometidas por “Peter Joseph”. Os cristãos evangélicos, em especial, têm feito um ótimo serviço nesse ponto. Ao contrário do que pensam muitos neo-ateus, os cristãos, em especial suas lideranças, não são um bando de abobados pagadores de dízimos, embora seja inexplicável que se aferrem a crenças ilógicas. Eles souberam fazer bom proveito de Zeitgeist.

Desta forma, é desnecessário refutar ponto a ponto tudo que está errado no filme: eu prefiro me alongar sobre sua estrutura geral do que me perder em detalhes, nos quais posso até me enganar também, visto que as pesquisas sobre as antigas civilizações têm evoluído desde que me formei na faculdade de História. Basta-me sugerir ao leitor que uma leitura, por mais superficial que seja, de quaisquer obras de referência sobre as antigas religiões, descortinará uma quantidade tão expressiva de erros e interpretações forçadas que o leitor se verá obrigado a imaginar que os responsáveis por Zeitgeist não podem ser levados a sério.

Um Grande Plano Para Ferrar Você

Em seguida o filme se dedica a “desconstruir” as explicações oficiais sobre os atentados de 11 de setembro, recorrendo a teorias conspiratórias. De que maneira este assunto está interligado ao primeiro é algo que, inicialmente, o público de Zeitgeist demora a digerir. Mas, de alguma forma, apesar da estranheza das teorias de conspiração nesse ponto, os neo-ateus engolem esta parte, mesmo meio a contragosto, porque de bom grado consumiram a primeira. O fato de que algumas pessoas que se identificam como “engenheiros” darem depoimentos sobre como o WTC deveria ter caído é suficiente para emprestar credibilidade à tese de que os aviões foram apenas uma desculpa, de que o acontecido foi uma demolição controlada, que tudo foi um “trabalho interno” em nome de algum interesse escuso.
Quando chegamos à terceira parte o filme já se tornou cansativo e os argumentos estão cada vez mais confusos e menos afirmativos. Fica-se com a impressão de que “tudo” faz parte de um Grande Plano executado por Certas Pessoas que têm o poder dos Estados em suas mãos e que trabalham para construir uma Nova Ordem Mundial, sabe-se lá com que interesses. O clímax emocional do filme acontece aqui, quando o diretor entrevista um membro falastrão da família Rockefeller que menciona fatos análogos ao 11 de setembro, um ano antes de que acontecessem. Se isto é verdade ou não, não posso afirmar. O que se pode, sim, afirmar, com base em uma rápida busca pela rede mundial, é que este tipo de teses são defendidas normalmente pela extrema direita religiosa americana, aquela que mata médicos à porta de clínicas que fazem aborto, defende o direito dos pais de espancarem seus filhos, numerosos por sinal, vive na expectativa do arrebatamento e tem em casa pelo menos um rifle para cada mão válida. Nova Ordem Mundial é o nome pelo qual movimentos como o The Cutting Edge e o Vigilant Citizen denominam uma suposta conspiração da maçonaria e dos Iluminati a serviço de Satanás.

Essa história de Grande Plano por Pessoas Ocultas, que dominam todos os países e querem estabelecer uma Nova Ordem é muito antiga e muitas vezes desmentida. Iluminati, Sábios de Sião, Priorado de Sião, Sinarquia, etc. O nome muda, a acusação é a mesma, e o objetivo tampouco muda: de alguma forma sempre se insinua que os culpados incluem o “Grande Capital”, os judeus, a Igreja Católica e os governos. Boa parte desta terceira parte de Zeitgeist ecoa, melhor seria dizer que “fede” a argumentos extraídos dos Protocolos dos Sábios de Sião, a fraude perpetrada pela polícia secreta da Rússia czarista que até hoje é combustível para anti-judaísmo no mundo todo.
Esta estrutura dada ao filme é fascinante. Primeiro o filme destrói a idéia do Deus a que estamos acostumados, então, através das lentes da conspiração do Onze de Setembro, nos apresenta um outro deus, uma espécie de Deus Bizarro, um deus que é o negativo do Velho Barbudo do Céu. Em vez de um ser onipotente e benevolente, há uma organização todo-poderosa e bem-informada, dirigida por impiedosos magnatas que detestam a humanidade como ela é e que se dedicam a destruí-la ou modificá-la segundo seu interesse, se necessário mandando todo mundo para o campo de concentração ou matando seis bilhões de pessoas, como o Vigilant Citizen menciona. Esta organização possui ou quer possuir praticamente os mesmos poderes que o diabo tinha antes de ser descartado pela modernidade, mas Zeitgeist não chega a dizer qual é o deus que combate tal inimigo da humanidade.

Conspirações

Devido à sua estrutura argumentativa e à montanha desconexa de dados que vocifera, em ritmo de videojogo, sem dar tempo para refletir, Zeitgeist é convincente aos olhos dos marinheiros de primeira viagem em teorias de conspiração, uma estranha espécie de crédulos que se identifica com a idéia de que vive em um mundo mágico dominado por vilões do mal e que em breve será destruído. Tal pensamento não é característico de pessoas racionais, ou sequer de quem esteja em plena sanidade mental: esta é a visão de mundo dos cristãos fundamentalistas milenaristas dispensacionalitas: a nata da extrema direita religiosa de AR-15 na mão e abrigo anti-aéreo no fundo do quintal. Gente que espera a volta de Jesus para antes do próximo domingo e que deseja regozijar-se vendo seus desafetos fritando na chapa quente do inferno. Causa-me espanto que tal visão de mundo esteja presente em um filme que pretende divulgar o ateísmo. Causa-me espanto exponencialmente maior que pessoas que pensam que são ateístas se identifiquem com tal filme e comprem esta visão de mundo de contrabando.
Quando vi Zeitgeist pela primeira vez ocorreu-me um insight que quase passou despercebido, mas felizmente registrei: a estrutura do filme lembra os passos iniciais de uma lavagem cerebral, conforme definida pelos autores mais clássicos sobre o tema.

Claro que isto é de uma forma muito limitada, visto que, ao contrário do que ocorre na lavagem cerebral propriamente dita, os responsáveis pelo filme não têm controle absoluto sobre o ambiente e sobre o corpo dos que são submetidos ao processo. Porém, como temos visto ao longo dos anos, as pessoas tendem a encarar a internet como um tipo de experiência pessoal, substituta dos êxtases místicos do passado e suas revelações, e acabam recebendo como “especialmente para si” as informações, mesmo que massificadas, a que têm acesso. Por esta razão, os boatos (“lendas urbanas”) se mantêm vivos por muito tempo, adquirindo, inclusve, uma força que nunca tiveram.
Tal fenômeno é devido à abundância de ingênuos: não apenas sempre há um novo otário para crer nos celulares que a Ericsson distribuirá de graça, como há ferramentas através das quais os boatos podem ser ecoados impunemente e a baixo custo: o correio eletrônico e os sítios de relacionamento. Graças a esta combinação de circunstâncias, obras que jamais teriam qualquer distribuição, atingem um grande público, passando a interferir de forma interativa com a cultura de um modo geral.

Adula-me e te seguirei

A internet é um meme de distribuição de conteúdo que dá a quem o experimenta a sensação de experiência pessoal da verdade. As pessoas criticam pouco o que vêem na internet porque estão possuídas pela ilusão de que a independência da fonte em relação à “mídia” (esse dragão de várias cabeças) supostamente assegura fidedignidade. Acredita-se que uma informação “suprimida” ou seja, não divulgada pela mídia, está provavelmente certa, enquanto as informações da mídia, mesmo que corroboradas por algo tão óbvio como a experiência do dia-a-dia, passam a ser vistas sob suspeita.
Só porque Zeitgeist parte de uma idéia que agrada ao grosso dos ateus/agnósticos/céticos/libertários (negação da divindade de Jesus), ele atrai simpatizantes para outras idéias, estranhas à proposta inicial, mas que, estranhamente, parecem as idéias dos que mais ferrenhamente defendem a divindade de Jesus: A serpente morde o próprio rabo.

Zeitgeist emprega em prol de um “ateísmo” aparente as mesmas armas e conspirações que as religiões brandiram por séculos. Poderia ser, mas talvez não. A serpente morde o próprio rabo, lembrem-se. O símbolo não é só da reencarnação, ele também alude à dialética que conduz os movimentos da História e — frequentemente — os atos praticados pelas pessoas socialmente organizadas.

Mecanismos de lavagem cerebral em Zeitgeist

Não sei se lavagem cerebral funciona ou não. Sou “agnóstico” quanto a isso, diante de minha falta de formação na área. O que percebi foi que, válida ou não a técnica, os realizadores de Zeitgeist a levam tão a sério que a seguiram rigorosamente na estruturação de ambos os filmes.
Dirão que não é justo descartar o todo por causa de erros das partes, devido ao “valor” que supostamente teria para os secularistas. Basicamente este é o argumento que é usado pelos religiosos para defender a Bíblia de acusações de contradições, erros e absurdos. Você vê esse argumento em ação praticamente todo dia quando visita certas comunidades teístas do Orkut. Então temos na boca de pessoas que se julgam a “nata” da sociedade por serem ateístas o mesmo tipo de falácia que é usada na defesa ingênua da Bíblia ou outro livro religioso.
Porém, uma obra que contem predominantemente dados incorretos em meio a alguns verificáveis como corretos está tentando manipular o público para aceitar os incorretos como verdade. Como as pessoas não costumam checar tudo, se apenas notarem que algumas coisas procedem, vão imaginar que todo o resto procede da mesma forma. Assim, torna-se eficaz como panfleto de recrutamento de simpatizantes para suas duas verdadeiras causas, causas essas que tangenciam perigosamente o tipo de idéias que andam na cabeça dos fundamentalistas mais tacanhos.
Lavagem cerebral se faz colocando grãos de verdade na ração dos ingênuos, para que engulam no meio do que acham certo uma informação de interesse do condutor do processo. E se faz repercutindo e repetindo, vezes sem conta, para vencer pelo cansaço. Não vou explicar como funciona, artigos sobre lavagem cerebral são fáceis de achar na rede. Apenas peço que você, por conta própria, faça a pesquisa. Vale a pena.
Zeitgeist reaparece a cada semana na internet, há quase três anos. Nenhum filme realmente bom sobre a História jamais teve esta atenção. Para mim está muito claro o que ele é. Mas não é fácil convencer disso facilmente o público cativo que ele angariou porque quem é submetido pela lavagem cerebral se torna um fanático por ela. É por isso que não adianta ser ateu se você não é cético de verdade e se não tem bons conhecimentos para defendê-lo de manipulações como essa.

José Geraldo Gouvêa.
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Para quem ainda não conhece Zeitgeist (e quer aprender um pouco de desinformação), basta clicar aqui.

O STF (Superior Tribunal Federal) rejeitou a remarcação de prova do Enem para estudantes judeus, que terão de fazer a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) nos próximos dias 5 e 6 de dezembro, conforme previsto na inscrição. O presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, suspendeu decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região que obrigava a União a marcar data alternativa para a realização das provas, para que não coincidisse com o Shabat, período sagrado judaico.
A análise da questão ocorreu em pedido de Suspensão de Tutela Antecipada, formulado pela União perante o STF, com base em argumentos de lesão à ordem jurídica. Conforme a ação, o Centro de Educação Religiosa Judaica e 22 alunos secundaristas ajuizaram Ação Ordinária, com pedido de tutela antecipada, contra a União e o Instituto Nacional de Estudos Anísio Teixeira (Inep), para que fosse marcada data alternativa para as provas do Enem. A modificação tinha o objetivo de que o exame não coincidisse com o Shabat (do pôr-do-sol de sexta-feira até o pôr-do-sol de sábado) ou qualquer outro feriado religioso judaico.
Para os candidatos judeus, a participação no Enem deveria ocorrer em dia compatível com exercício da fé por eles professada, “a ser fixado pelas autoridades responsáveis pela realização das provas, observando-se o mesmo grau de dificuldade das provas realizadas por todos os demais estudantes”.
Ao examinar a Ação Ordinária, a 16ª Vara Federal de São Paulo negou o pedido de tutela antecipada, sob o fundamento de que a designação de dias e horários alternativos para a realização de provas representaria estabelecimento de regras especiais para um determinado grupo de candidatos em detrimento dos demais. No entanto, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região reformou essa decisão ao entender que a designação da data alternativa para a realização das provas do Enem constituiria meio de efetivação do direito fundamental à liberdade de crença, conforme estabelece a Constituição Federal.
Conforme Gilmar Mendes, o Ministério da Educação informou que na inscrição para o Enem foi oferecida a opção de “atendimento a necessidades especiais”, com a finalidade de garantir a possibilidade de participação de pessoas com limitações por motivo de convicção religiosa ou que se encontram reclusas em hospitais e penitenciárias. De acordo com esse documento, todos que realizaram suas inscrições no Enem e solicitaram atendimento especial por razões religiosas terão suas solicitações atendidas. No caso dos adventistas do Sétimo Dia, a prova do sábado, dia 3 de outubro próximo será realizada após o pôr-do-sol.
“Tal providência (início da prova após o pôr-do-sol) revela-se aplicável não apenas aos adventistas do Sétimo Dia, mas também àqueles que professam a fé judaica e respeitam a tradição do Shabat. Em uma análise preliminar, parece-me medida razoável, apta a propiciar uma melhor ‘acomodação’ dos interesses em conflito”, explicou o ministro Gilmar Mendes.
O presidente do STF, em sua decisão, ressaltou a existência de outras confissões religiosas, “as quais possuem ‘dias de guarda’ diversos dos autores”. “A fixação da data alternativa apenas para um determinado grupo religioso configuraria, em mero juízo de delibação, violação ao princípio da isonomia e ao dever de neutralidade do Estado diante do fenômeno religioso”, afirmou o ministro.
Mendes salientou que tal fato atesta, ainda, o efeito multiplicador da decisão questionada, uma vez que, “se os demais grupos religiosos existentes em nosso país também fizessem valer as suas pretensões, tornar-se-ia inviável a realização de qualquer concurso, prova ou avaliação de âmbito nacional, ante a variedade de pretensões, que conduziriam à formulação de um sem-número de tipos de prova”.

Dia desses, nossa coordenação de ações teve uma ótima surpresa quando um video-resposta foi postado para nosso vídeo institucional da campanha Mostre a Sua Cara, no Youtube. O vídeo foi feito por um cristão (desses, que acreditam no dilúvio e, pior ainda, que a ética é uma exclusividade da doutrina cristã), chamado Demetrio, e questiona não só a índole ateísta, como também os sentimentos mais básicos que nos caracterizam como seres humanos (a ética, o amor, a felicidade), chegando ao cúmulo de afirmar que nós, ateus, não somos felizes.

Bem, nós poderíamos nos estender por parágrafos e parágrafos para refutar os argumentos (batidíssimos) usados pelo cristão Demétrio, em sua tentativa de colocar alguma dúvida sobre a personalidade ateísta. Mas já estávamos esperando que um de nossos membros e colaboradores tomasse a iniciativa. Não precisamos esperar muito. Quem o fez foi o jovem Polemarco, que já tem vídeos bastante conhecidos demonstrando a inviabilidade do criacionismo.

Polemarco foi surpreendente em suas colocações, soube usar de humor, inteligência e sarcasmo, tudo na medida certa, sem muito esforço, afinal, o próprio vídeo que originou a resposta nada tem de novo. Demétrio apenas repetiu o já exaustivo blablabla de que cristãos têm mais ética e esperança do que ateus e que, sabemos, nada tem de concreto. São apenas palavras mal empregadas.

Agora, não ficamos mais calados diante dessas provocações baratas.

Mas antes que nos estendamos demais, você pode assistir ao vídeo do cristão Demétrio aqui

Já a belíssima e bem aplicada resposta de Polemarco, você assiste aqui e aqui.

Que fique registrado nosso apoio e simpatia ao Polemarco e seu vídeo, e que mais e mais ateus publiquem seus vídeos mostrando suas caras.

 

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Passageiros do metrô de Nova Iorque vão ter de encarar mensagens ateístas neste mês de novembro, enquanto utilizarem o sistema de transporte. Isso porquê uma coalização de oito entidades ateístas estadunidenses decidiu encabeçar uma campanha de conscientização que consiste num cartaz de fundo azul que imita um céu com nuvens brancas com os dizeres: “Um milhão de novaiorquinos são bons sem deus. E você?”

O slogan estará espalhado por uma dúzia de estações, numa das mais organizadas ações do movimento ateísta já realizadas nos Estados Unidos. O pool de entidades, denominada “Coalização pela Razão”, tem a intenção de despertar o questionamento das pessoas que acreditam em deus.

O metrô de Nova Iorque é um dos mais movimentados do mundo, com cerca de 5 milhões de passageiros por dia. Esse foi o motivo pelo qual a coalização escolheu esse canal para transmitir sua mensagem. “dessa forma, maximizamos a quantidade de espectadores potenciais”, declara Michael De Dora Jr, presidente do Centre for Inquiry for New York, uma das entidades associadas à coalizão.

De Dora explica que existem duas grandes expectativas por trás da campanha.  A primeira é sensibilizar a comunidade humanista da cidade, ao mesmo tempo em que abre espaço para a discussão da religião e da ética. Em segundo está a aproximação com pessoas que não são a´teias, mas que compartilham do desejo humanista dos descrentes. “Não precisamos de religião para sermos boas pessoas, ou cidadãos produtivos na sociedade”, definiu De Dora.

O total de investimentos feitos pela coalizão é de U$ 25 mil, totalmente aplicado no metrô de Nova Iorque. A entidade ainda pretende iniciar campanhas de outodoor e em sistemas de trânsito, concluiu De Dora.

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